quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Reforma Protestante



Verdades sobre a Reforma que ainda precisamos resgatar

 Alan Brizotti
Estamos na Semana da Reforma. 31 de outubro de 1517, Wittenberg, Alemanha. Um novo tempo começava, das ânsias guardadas no cerne de corações inflamados, surge uma nova forma, Reforma. Como um abençoado eco de Wycliffe (1328-1384), cujos ossos foram queimados trinta anos depois de sua morte, e de John Huss (1373-1415), o “ganso” que profetizou sobre o “cisne”, um tempo de redescobertas começava.

Na porta da igreja do castelo de Wittenberg, 95 teses começavam a desmontar uma história de opressão teológica. A vida de Lutero era marcada por um demolidor peso de culpa e senso absurdo do pecado, até o dia em que ele se depara com Rm.1.17, onde sua mente é aberta para a verdade transformadora da justificação por graça e fé. No século XIX, a frase mais conhecida da Reforma seria popularizada: “Ecclesia reformata et semper reformanda est” (“A igreja reformada está sempre se reformando”).

Quais são as principais verdades sobre a Reforma que ainda precisamos resgatar?

I – O resgate da justificação do pecador por graça e fé

Questão central do Evangelho: Como podemos, míseros pecadores, ser alvos da graça de Deus? John Stott dizia que “ninguém entende o cristianismo, se não entende a palavra ‘justificado’". A justificação por graça e fé começa onde há libertação dos esquemas de merecimento: indulgências, peregrinações, penitências, ativismo eclesiástico.
Reafirmar esse princípio nos leva a desmascarar teologias que priorizam o ter em detrimento do ser. É o efeito Lutero destruindo a tirania do merecimento.

II – O resgate da autoridade normativa das Escrituras

A redescoberta do evangelho tem passagem obrigatória pela oração e estudo da Palavra. Na época de Lutero, a hermenêutica estava presa aos esquemas próprios e tendenciosos de interpretação da igreja. A reforma afirma que as Escrituras têm autoridade suprema sobre qualquer ponto de vista humano. Não somos chamados a pregar uma teologia, mas o evangelho!

Lutero dizia que “no momento em que lemos a Bíblia é quando o Diabo mais se apresenta, pois tenta nosso coração a interpretar as verdades lidas segundo nossa própria vontade, e não segundo a vontade soberana de Deus”.

É preciso redescobrir a centralidade da Palavra. Reafirmar esse princípio nos leva hoje a questionar nossa hermenêutica, a assumir uma atitude bereana (At. 17. 10, 11), uma atitude de quem pensa.

III – O resgate da igreja como comunhão dos santos

Lutero amava a igreja, não queria dividi-la, mas oferecer-lhe um caminho de cura. A igreja era governada pelo Papa, e não por Cristo. Somente o clero possuía a Bíblia, isso sem falar no acúmulo de riquezas e poder da igreja enquanto o povo sofria na miséria (isso lembra alguma coisa?). Para Lutero, a igreja é o “autêntico povo de Deus”, os líderes servem à igreja, e não podem se servir dela. Por isso Lutero reafirmou o sacerdócio geral de todos os crentes – todo cristão tem a responsabilidade de anunciar o evangelho.

Reafirmar esse princípio hoje, numa sociedade do egoísmo, do individualismo e da indiferença, é assumir um chamado ao arrependimento. Esse arrependimento abrange todos os “caciques denominacionais” que ainda exploravam o povo, até às mentalidades ingênuas que, por preguiça mental, nunca progridem na fé.

IV – O resgate da liberdade do cristão

Lutero redescobre o prazer de ser livre. Como somente Deus é livre, ele nos concede a liberdade por meio de Jesus Cristo (Jo. 8.31,32 e 36). Lutero perguntava: “para que serve a liberdade do cristão?”, ao que ele mesmo respondia: “o cristão é livre para amar”. Estamos dispostos a amar hoje?

Reafirmar esse princípio significa reavaliar todo e qualquer sistema de submissão opressiva, legalismos asfixiantes, estreitamentos neurotizantes, experiências carismáticas carentes de misericórdia, que destroem a liberdade.

V – O resgate da centralidade da cruz de Cristo

Através da libertação em Cristo, o cristão se torna “um Cristo para os outros”(Lutero), portanto, quem é cristão não pode dominar sobre os seus semelhantes, sob pretexto algum. Antes, solidariza-se com o sofredor, ajudando-o a carregar a cruz. Na cruz, o cristão vê crucificado o mundo. Dela vem a nossa vocação para estabelecer o reino de justiça, igualdade e paz. É o sinal supremo do amor de Deus.

Reafirmar esse princípio significa voltar à verdade de que não somos celebridades, mas servos. Como um cristão do passado dizia, “a vida oferece somente duas alternativas: autocrucificação com Cristo ou autodestruição sem ele”.

Somos chamados a discernir o espírito de cada época. Será que estamos dispostos a assumir o “efeito Lutero” em nossa prática teológica atual? Que a igreja seja sempre uma “igreja reformada, sempre se reformando”.



Alan Brizotti homenageando a reforma no Genizah 

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IGREJA PERSEGUIDA

Duplo atentado suicida destrói igreja cristã e mata 11 pessoas na Nigéria

Dois ataques suicidas devastaram uma igreja cristã em Kaduna, Nordeste da Nigéria, neste domingo, matando ao menos 11 pessoa e deixando mais de 30 feridos.
Duas bombas em ataques suicidas mataram pelo menos 11 pessoas neste domingo em uma igreja em quartel na Nigéria, onde a facção islâmica Boko Haram está promovendo uma campanha de violência, segundo os militares.
O porta-voz do exército, Bola Koleoso, disse que um ônibus entrou na Igreja Militar Protestante de St. Andrew, no quartel Jaji, no Estado de Kaduna, e explodiu cinco minutos após o culto ter começado.
Explosivos dentro de uma Toyota Camry foram detonados do lado de fora da igreja dez minutos depois, disse ele.
Os militares disseram que pelo menos 30 ficaram feridos.
Uma fonte militar que testemunhou o ataque disse que a segunda bomba foi a mais fatal, matando pessoas que foram ajudar os feridos pela primeira explosão. Testemunhas disseram que o quartel foi isolado e ambulâncias carregaram os feridos ao hospital.
"Houve dois atentados suicidas com dez minutos de intervalo, neste domingo, na escola protestante militar Saint Andrews, na cidade de Jaji", situada a 30 km de Kaduna (estado de mesmo nome), declarou à AFP um porta-voz do exército, general Bola Koleosho.
Não houve declaração de responsabilidade, mas a seita islâmica Boko Haram tem atacado frequentemente as forças de segurança e igrejas cristãs em sua luta para criar um Estado islâmico na Nigéria, onde a população de 160 milhões está equilibradamente dividida entre cristãos e muçulmanos.
O Boko Haram, cujo nome em idioma Haoussa significa 'a educação ocidental é um pecado' declarou o desejo de instaurar um Estado islâmico.
Um homem-bomba matou oito pessoas e feriu mais de 100 no mês passado em uma igreja em outra parte de Kaduna, que possui população de muçulmanos e cristãos, que normalmente sofrem com tensões sectárias.
As violências atribuídas à seita e sua repressão sanguinária pelas forças de ordem deixaram, segundo estimativas, mais de 3.000 mortos desde 2009.
A Nigéria, país mais populoso da África, com 160 milhões de habitantes, e primeiro produtor de petróleo do continente, está dividido entre o norte, majoritariamente muçulmano, e o sul, predominantemente cristão.
*Com informações das agências internacionais
Genizah