O que transforma uma igreja em uma igreja de “fim de carreira”, uma expressão que ouço muito entre os pastores amigos?
Primeiramente acredito que a própria avaliação da liderança e do pastor em relação ao campo. De fato existem muitas congregações, estagnadas, que estão caminhando para o seu fim. O fim de uma igreja é quando ela deixa de crescer e passa a sobreviver apenas, mas um sinal de que a obra está no fim é a incapacidade da congregação/igreja em manter sua estrutura física, digo em coisas simples e banais, como trocar lâmpadas, pequenos reparos elétricos, qualquer coisa do tipo. Quando não existem recursos para isso, vemos uma dificuldade que poderá ser superada com o tempo e trabalho organizado.
Outro sintoma é quando todos os recursos são assimilados para o sustento pastoral e/ou despesas relacionadas, como aluguel, telefone, etc. Mas o sintoma principal é o que tenho notado e chamo como a expectativa do “pastor – messias todo poderoso”. Algumas igrejas sobrevivem a espera de um pastor ideal. Em nosso contexto este pastor deverá ter um ânimo divino e contagiante, ser avivado, são desprezíveis para estas igrejas pastores “comuns”, com suas metas e objetivos, homens comuns que não transpiram força e virilidade. Geralmente os pastores com esta “transpiração” são atraídos e convidados para igrejas maiores, com mais recursos humanos e financeiros e entram no ciclo-virtuoso do “tudo posso no ego que me fortalece”. Esses são os pastores de ponta.
Fica então o resto. A segunda ou terceira divisão do time de igrejas. Igrejas com um conselho desanimado e desorganizado. Já vi igrejas perderem terrenos, por causa do desanimo e procrastinação de seus líderes. Aí sim acredito ter encontrado o começo do fim da carreira de igreja. Uma igreja que procrastina tudo, proclamação, diaconia, disciplina, sacramentos, etc.
Olhares de misericórdia não tenho encontrado sobre essas igrejas. Olhar de desprezo, desapontamento como espectadores sobre um moribundo que desperdiçou tudo que possuía.
Há ainda outra questão que devemos considerar, a realidade temporal que a igreja está inserida. A cidade cresce ou tem crescido? A tendência é que a igreja cresça também, se isso não acontece há algo de errado. Por outro lado o contexto em que a igreja está, tem decrescido, a tendência é que a igreja perca com o tempo seus membros. É difícil esperarmos grande crescimento de uma igreja de uma cidade ou de um bairro que se esvazia.
Poderíamos filosofar por horas sobre as exceções, mas a regra costuma ser esta.
Por fim, o que é uma “igreja fim de carreira”, a não ser uma igreja que provocou e/ou sobreviveu ao fim ou a pior parte do ministério de muitos pastores.
Há esperança para estas igrejas? Recomeçar, restaurar e reconstruir, abandonando o que deu errado ao longo desses vários anos de existência e abraçando o que pode dar certo, tentar novamente, modificar algumas práticas e estrutura.
Quando falo em modificar, não me refiro a nenhum movimento de “renovação espiritual” ou de “pentecostalização” litúrgica, muito menos da criação de uma Igreja de jovens com suas práticas de jovens dentro da igreja velha. Digo que é preciso que os sobreviventes estejam dispostos a receber novos sobreviventes resgatados pelo evangelho.
Assim, o fim de uma carreira pode se tornar um novo ânimo e revitalizar uma igreja cansada e seus pastores cansados.
Rev. Thiago Amaral
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